Dopo L’Alba: Bordignon

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Bordignon

Nona Angela Capeletto Bordignon (82),
fazendo a polenta.
Município: Casca - Localidade: Linha Migliavaca.
Procedência da Itália:
Capeletto: Provincia: Vicenza, Regione: Veneto
Bordignon: Regione Veneto
Data: Junho de 2002

Um comentário:

Unknown disse...: É realmente um orgulho ser BORDIGNON. Nós sabemos apreciar a verdadeira polenta.; 9 de maio de 2011 às 18:49

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Depois do Amanhecer

Os impostos eram escorchantes. O grão importado esmagava a pequena produção do camponês vergado pelo aluguel da terra. A gleba minúscula não sustentava a família rural, já pequena. A manufatura e a indústria destruíam o artesanato camponês, sem abrir postos suficientes para o trabalhador expulso do campo. A luta pela terra não conseguia se impor.Havia que abandonar a velha pátria, amada mãe ingrata, em busca de melhor destino, onde o suor regasse os frutos do trabalho honesto. Adultos, anciões, crianças. Pacotes com roupas, ferramentas, sementes. Recordações, línguas, canções.
A tralha toda de uma família de trabalhadores rurais pobres que partem para jamais voltar.
Dezenas de milhares de famílias, chegadas das montanhas, dos vales e das planícies do nordeste italiano embarcando, com o coração nas mãos, para a longa travessia que levaria ao final do Brasil. A viagem multitudinária iniciou-se em 1874, logo após a unificação da Itália, e interrompeu-se, em 1914, às portas da grande guerra. Rio Grande do Sul. A terra era farta, o preço, acessível. As matas foram abatidas, levantaram-se rústicos abrigos e , a seguir, as residências definitivas. Em madeira, e não em pedra! As primeiras roças deram frutos com espantosa abundância. Era a terra da cocanha, onde o agricultor aplacaria a fome e construiria um lugar seguro para si e sua família.
Os caminhos eram precários, o mercado, distante. Havia que pagar a colônia, os novos impostos. O preço dos produtos vendidos na bodega era baixo; comprava-se tudo aos olhos da cara. O camponês trabalhava e o comerciante progredia.
Os pais deviam contribuir para que os filhos homens conquistassem a terra, ao casarem, muito jovens. Apenas com esforços ingentes mantinha-se a cabeça erguida. As colônias velhas não mais ofereciam terras para a prole, que explodiu nas terras americanas, tão sequiosas de braços trabalhadores. Cruzou-se o rio das Antas, em direção das terras florestais do norte do Rio Grande. No impulso inexorável, o rio Uruguai foi vencido, em direção do oeste de Santa Catarina e do Paraná.Nas colônias novas, recomeçava-se o ciclo sem fim da vida. Mais tarde, quando a terra oferecida acabou, numa dolorosa parábola, retomou-se com certeza da vitória a luta que derrotara os ancestrais. O colono obteriam, mesmo à custa do suor, da dor e do sangue, o direito à terra, na terra em
que nascera!Mulheres. Homens. De rostos velhos. Enrugados. Vincados pelo tempo, pelo sol, pelo vento. Mãos trabalhando a terra, o fumo, a palha, a farinha. Pés pisando forte a uva para fazer o vinho escuro, amargo. Olhos cansados voltados para os céus, numa última esperança.São os bisnetos, netos e filhos de camponeses pobres e sem terra do norte italiano. São raízes entranhadas, profundamente, nas terras do sul do Brasil, quase secas, após dar frutos generosos. Histórias pessoais, quase
concluídas, de uma travessia já parte da história, que a lente, o olhar humano e o respeito de Tadeu Vilani congela na sua tensa dimensão humana.

Professor Mário Maestri

Dopo L'Alba

Dopo L'Alba

Le imposte erano esorbitanti. Il grano importato strangolava la piccola produzione del contadino già soggiogato
dall'affitto della terra. Con la minuscola gleba era arduo mantenere la famiglia contadina, già rimpiccolita. La maniffattura
e l'industria distruggevano l'artigianato contadino senza generare posti di lavoro sufficienti per il grande numero di
contadini espulsi dalle campagne. Occorreva abbandonare la vecchia patria, alla ricerca di un destino migliore, dove il sudore avrebbe bagnato i frutti del
lavoro onesto. Adulti, anziani, bambini. Pacchi di vestiti, utensili, sementi. Ricordi, lingue, canti. Tutto lì il bagaglio
di una famiglia di lavoratori agricoli poveri che partivano per non tornare mai più. Decine di migliaia di famiglie, arrivate dalle montagne, valli e pianure del nordest italiano, imbarcatesi, con il cuore
in mano, per la lunga traversata che le avrebbe portate fino alla fine del Brasile. Un viaggio moltitudinario che ebbe inizio
nel 1874, subito dopo l'unificazione italiana, e si concluse nel 1914, alle porte della prima Grande Guerra. Rio Grande do Sul. La terra vi era abbondante ed il prezzo, accessibile. I Boschi vennero tagliati. Al loro posto furono
costruite prima rustiche capanne; dopo, abitazioni definitive. In legno, non in pietra! I primi orti diedero frutti con
un'eccezinale abbondanza. Era la terra della cucagna, dove l'agricoltore avrebbe potuto placare la fame e costruire un luogo
sicuro per sé e la sua famiglia. Le strade erano scarse e precarie. I mercati, distanti. C'era da rimborsare la colonia e pagare le nuove imposte. Negli
spacci, i prodotti della colonia erano venduti a basso prezzo; i manufatti e le altre merci costavano un occhio dalla testa.
I Contadini lavoravano mentre i commercianti arrichivano. I genitori dovevano contribuire affinché i figli maschi
conquistassero anche loro la terra, al momento di prendere moglie. Si manteneva la testa alta soltanto grazie a sforzi
ingenti. Nelle Vecchie Colonie, le terre si esaurivano. Per garantire il lavoro alla prole, abbondante in quelle terre americane
così avide di manodopera, il fiume das Antas venne attraversato, verso le foreste del nord del Rio Grande. In un impulso
inesorabile, venne varcato anche il fiume Uruguay, nella direzione dell'ovest di Santa Catarina e del Paraná. Nelle Nuove Colonie ricominiciava il ciclo senza fine della vita. Più tardi, quando si esaurirono anche quelle terre, in
una crudele parabola, si riprese, sicuri della vittoria, la lotta che aveva sopraffato gli avi. Anche a costo di sudore,
dolore e sangue, i contadini avrebbero ottenuto il diritto alla terra, nella stessa terra in cui erano nati. Donne. Uomini. Volti invecchiati. Rugosi. Contrassegnati dal tempo, dal sole, dal vento. Mani che lavorano la terra, il
tabacco, la paglia, la farina. Piedi che calpestano l'uva per farne il vino forte, scuro. Occhi stanchi, rivolti al cielo, in
un'ultima attesa. Sono i pronipoti, nipoti e figli di contadini poveri, senza terra, del Nord Italia. Sono le radici profondamente
attecchite nelle terre del Brasile meridionale, ormai quasi inaridite dopo aver dato frutti generosi. Sono storie personali,
quasi concluse, di una traversata già parte della storia, che vengono congelate nella loro tormentata dimensione umana dalla
lente discreta e meticolosa di Tadeu Vilani.

Testo: Mário Maestri
Traduzione: Florence Carboni